sábado, 23 de fevereiro de 2013

...

- Você poderia esperar mais um pouco. - disse ela enquanto mastigava uma bala de hortelã.
- Você ainda vai dançar essa, noite?
- Sim, ainda tenho mais uma dança. Quem sabe peço para Lívia dançar no meu lugar. Assim eu poderia ser ir com você. - disse ela.
Um leve sorriso fugiu de meus lábios. Eu disse: Tudo bem.
- Você espera eu pegar minhas coisas?
- Claro, eu disse enquanto bebia um leve gole da minha cerveja.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

querida

Ah, fazia tempo que eu não escrevia assim...
Assim como, benzinho...?
Assim...
Eu gosto de você!
Sei disso, querida.
Olhe, eu poderia escrever uma pulp fiction. 
EU não sei, amor. Não sei. Você acha que poderia?
Talvez, nenem.
Vamos beber um vinho. Sobrou meia garrafa.
Tudo bem queria. Esta noite, você manda.
Fazia tempo que eu queria voltar a escrever assim, querida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Espelho

mais espelho. a barba branca. mais branca. Os cabelos brancos tomando conta da cabeça.Me sentido o próprio Abominável Monstro das Neves. Só que cansado. Mais velho, e a barba ficando cada vez mais branca.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Transcrevo a interessantíssima entrevista com o grande escritor Georges Simenon. A entrevista foi publicada no site da L&PM Editores. Ganhe uns minutos e leia, cabrones! Leia no 500, ou vá direto ao site da Editora.

É verdade que você é o autor mais lido, depois de Marx?
SIMENON – Segundo as estatísticas da Unesco, sim. Mas, há outros, além de Marx, mais lidos do que eu.

Quais são?
 SIMENON – A Bíblia e Lênin, que são mais lidos do que Marx também. Onde você tem mais leitores?

SIMENON – Nos Estados Unidos e na União Soviética.

Mais mulheres ou mais homens?
SIMENON – Tomando como ponto de referência as cartas que recebo, é meio a meio.

O que lhe dizem as mulheres nas cartas?
SIMENON – Fazem confidências e pedem conselhos.

E os homens?
SIMENON – Contam-me os seus problemas. São, sobretudo, médicos e psiquiatras.

Mais lido pelos jovens ou pelos menos jovens?
SIMENON – Dos treze aos oitenta anos.

Pelos intelectuais ou pelo homem médio?
SIMENON – Por estes e por aqueles.

Como se desenvolve a sua inspiração literária?
SIMENON – Jamais tive inspiração literária.

Você se define como um artesão, eu sei. Por quê?
SIMENON – Porque eu, efetivamente, trabalho como um artesão. Sento-me à mesa de trabalho – isto é, na poltrona – numa hora determinada, trabalho um determinado tempo e, só depois de cumprir o expediente, me levanto.”

Onde termina o artesanato e começa a arte?
SIMENON – É muito difícil dizer.

Por quê?
SIMENON – No artesanato, seguidamente, tem arte, e na arte tem artesanato.

Acredita no estado de graça?
SIMENON – Acredito no escritor se desfazer da sua pele e entrar na pele do personagem.

Ainda diria a frase que disse certa vez: "Não sei e não saberei jamais se tenho talento"?
SIMENON – Sim. O talento é algo que avaliam os pósteros e não os contemporâneos.

Mas o que é o talento?
SIMENON – É a capacidade de inventar um caráter, uma situação, uma paisagem.

Escritor é só aquele que se faz ler?
SIMENON – E quem mais seria?

A desenvoltura faz o perfeito narrador?
SIMENON – Sempre se deve escrever como se fala.

E fácil escrever fácil?
SIMENON – Não. É dificílimo.

E as suas relações com os adjetivos?
SIMENON – Péssimas. Odeio-os, como também detesto os advérbios. Aborrecem-me os enfeites e as lantejoulas do texto. Acabam por torná-lo obscuro. É preciso ser compacto, reduzir tudo ao osso.

Um escritor é sempre autobiográfico?
SIMENON – Eu não sou. Mas alguns são.

Primeiro dever de um escritor?
SIMENON – Tornar-se lido e ser sincero.

De um jornalista?
SIMENON – Idem.

O escritor-personagem nasce só do juízo do público?
SIMENON – O sucesso é determinado pelos leitores.

É mais rara uma vida bem vivida ou bem escrita?
SIMENON – Bem escrita. É melhor, porém, se for bem vivida.

Chegará também para você a hora do Prêmio Nobel?

SIMENON – Se chegar, recusarei.

Por quê?
SIMENON – Os prêmios são como as medalhas, os laços de fita e os penachos que enfeitam as vacas e os touros vencedores nas exposições de animais.

Quem lhe inspirou Maigret?
SIMENON – Os vários policiais que conheci.

Quando nasceu?
SIMENON – Quem?

Maigret.
SIMENON – Em fevereiro de 1929.

Onde?
SIMENON – Num vilarejo holandês de pescadores. Lá, hoje, há um monumento para ele.

Quantos livros você dedicou a Maigret?
SIMENON – Oitenta e nove.

Por que Maigret agradou e ainda agrada tanto?

SIMENON – É um homem comum, como tantos, que sabe compreender, mas não julga.

O melhor Maigret no cinema?
 SIMENON – Nenhum.

Como nenhum?
SIMENON – Maigret existiu e existe somente na minha cabeça. É meu, exclusivamente meu.

Por que você o aposentou há sete anos?
SIMENON – Não foi ele o aposentado. Fui eu que me retirei.

Nas suas histórias, não existe o tempo: nem a guerra, nem a resistência, nem a era atômica. Por quê?

SIMENON – O homem, no seu íntimo, não tem nada a ver com a guerra, com a resistência, com a era atômica.

As piores armadilhas do romance policial?
SIMENON – Mas Maigret não é Poirot, e eu não sou Agatha Christie.

Explique-se.
SIMENON – Os romances policiais têm regras bem precisas, enquanto eu não tenho. Na segunda página, posso tranqüilamente revelar o nome do assassino.

Com quantos anos escreveu o primeiro romance não-policial?
SIMENON – Aos 31 anos.

Quantos escrevia, em média, por ano?
SIMENON – Policial, um; não-policiais, cinco.

Nunca renegou uma obra?
SIMENON – Não. Basta não relê-las, como o meu amigo Fellini nunca revê os seus filmes. Voltaire escreveu Candide em três dias.

Você, em quanto tempo escrevia, ou escreve, um romance?
SIMENON – No início, levava onze dias.

E no fim?
SIMENON – Uma semana.

Usou muitos pseudônimos?
SIMENON – Dezessete.

Quando começou sua autobiografia?
SIMENON – Dia 13 de fevereiro de 1973.

Título do primeiro volume?
SIMENON – Um homem como qualquer outro.

Você?
SIMENON – Sim, eu.

Em que ponto estão suas memórias?

SIMENON – Estou concluindo o décimo nono volume.

O seu autor policial favorito?
SIMENON – Nenhum. Não os leio.

Nem mesmo Agatha Christie?
SIMENON – Nem mesmo ela.

E não-policial?
SIMENON – Refere-se aos meus autores de cabeceira?

Sim.
SIMENON – Antes de tudo, Montaigne.

E depois?
SIMENON – Conrad, Gogol, Tchékhov, Dostoiévski, Faulkner.

Você disse que, se recomeçasse, seria biólogo.
SIMENON – Amo o homem. Quero conhecê-lo e entendê-lo. A biologia ajudaria muito.

Você é considerado um homem de esquerda?

SIMENON – Sou um individualista empedernido.
Os burgueses não o agradam. Por quê?

SIMENON – São convencionais demais, e pouco individualistas demais.

Já fez política alguma vez?
SIMENON – Não. Nunca votei ao menos.

Você diria com Clemenceau: “Quem faz política para valer suja as mãos”?

SIMENON – Com as mãos limpas, não se faz política.

Como nasce a violência política?
SIMENON – Quem não tem o poder político quer tirá-lo de quem o tem. E quem o tem, para protegê-lo, usa agentes provocadores.

Como se extirpa?
SIMENON – Sobretudo extirpando-se os nacionalismos, fomentadores de violência.

O que é, para você, o amor?
SIMENON – A mais bela invenção do mundo: entender-se sem necessidade de palavras.

Quantas mulheres você conheceu biblicamente?
SIMENON – Falaram em dez mil.

E você, o que diz?
SIMENON – Talvez uma a mais, ou uma a menos.

Profissionais ou amadoras?
SIMENON – Muitas jovens atrizes e bailarinas.

É ciumento?
SIMENON – Gostaria de não sê-lo. Mas sempre fui, e o sou. Terrivelmente.

Quando o ciúme impede o adultério?
SIMENON – Casei em primeiras núpcias com uma mulher ciumentíssima, que, depois do primeiro dia de casados, ou da primeira noite, não recordo, ameaçou de se suicidar se algum dia eu a traísse.

E você?
SIMENON – Eu a traí escondido durante vinte anos, odiando-a.

Odiando-a?
SIMENON – Sim, porque não há nada mais humilhante, mais ofensivo à nossa dignidade do que a coerção à mentira.

E vocês se separaram.
SIMENON – Sim, e uma semana depois, ela, que tinha quarenta anos, passou a andar com um garoto de dezesseis.

Você esteve verdadeiramente apaixonado por Josephine Baker?
SIMENON – Eu tinha 22 anos, inexperiente, desconhecido, e ela era ultracélebre. Mas foi uma relação brevíssima.

Como acabou?
SIMENON – Num certo momento, fugi para uma ilha.

Por quê?
SIMENON – Não queria me tornar o sr. Baker.

É mais difícil viver ou conviver?
SIMENON – É melhor conviver. A solidão é atroz. Sobretudo para o homem a quem faltam a força de caráter e o espírito de iniciativa femininos.

Chega-se mais bem preparado ao casamento ou à morte?
SIMENON – A morte é previsível. O casamento, sempre uma incógnita.

As mulheres devem ser tratadas com cavalheirismo?
SIMENON – Sim.

E os homens com amabilidade?
SIMENON – Sim.

É mais fácil entender os outros ou a si mesmo?
SIMENON – A si mesmo.

Você sempre foi ao fundo de si mesmo?
SIMENON – Sou o meu melhor psicanalista.

Nunca deixou alguma coisa pela metade?
SIMENON – Jamais.

Qual é o conselho que lhe foi mais útil durante a vida?
SIMENON – Não julgar nunca. Foi um conselho do meu pai.

Já esteve ameaçado de falir?
SIMENON – Não. Mas tive meus altos e baixos.

O sucesso modificou-o?
SIMENON – Em nada.

Dizem que é um misantropo.
SIMENON – Ao contrário: adoro as pessoas, a vida.

E que é cínico.
SIMENON – Se cínico é quem diz o que pensa, sim.

Quem são seus amigos?
SIMENON – Pouquíssimos.

Diga um.
SIMENON – Fellini. Embora fiquemos meses sem nos vermos, nem nos telefonarmos.

E os seus inimigos?
SIMENON – A minha última mulher. Eu, porém, não a considero assim.

Também para você, como para Voltaire, o trabalho é alegria?
SIMENON – Sim, mas a que preço!

No seu passaporte está escrito "aposentado"?
SIMENON – Não: sem profissão.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

penitência

A única coisa que eu gostava daquele calor todo era chegar em casa. Catava as chaves no bloso, sempre aquela bagunça. Logo eu, um cara organizado. Mentira. Sou nada. Como eu ia dizendo, o legal mesmo era chegar em casa e ver ela lá. Deitada no chão, atirada, esperando, ansiosa. Eu fingia brigar pela bagunça, da cama revirada. Até hoje não sei, e ninguém sabia, o que aquela mulher queria comigo.Desconfio que Maria estava pagando alguma penitência. A penitência seria eu, ela com aquela belezura gostar da minha companhia e de tudo mais.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Spokt!


Se é para começar. Então que seja em grande estilo.
Volto com meu blogue 500 Dentadas. Não sei, mas gosto deste título. Logo logo meus textinhos, imagens, e tudo aquilo que você já conhece. Minha Não literatura. Ah, essa dama que insiste em me atormentar e vive rondando minha cabeça.